sexta-feira, 8 de maio de 2009

"Cega Obsessão"
Palpável, tocante, sensacional do começo ao fim. O filme mostra - e diz - exatamente como é a obsessão, compulsão, angústia e a culpa. Não é um filme para ser visto, mas para ser tocado, tateado, explorado. O fundo do poço é sempre mais embaixo, a dor nunca é suficiente e, quanto mais se sofre, mais se quer sofrer. Cada novo passo, caminho sem volta; sensações perdidas para sempre. O preço jamais é alto demais e nunca, nunca para.
Dor prazerosa, dor alucinante, angústia incurável. O nervoso precisa passar. Se a pele coça, deve ser coçada. Se doer, precisa doer mais. Se o limite não se estende mais, é sempre possível dar-se um jeito. Sempre há mais a ser sentido. E sentir com a alma não é suficiente, é muito pouco; nada. Não alivia, fica-se apático. Cortar-se para ver-se vivo; sangrar para conseguir sentir que ainda há algo lá dentro. Algo que precisa ser posto para fora. Urgentemente.
Para habituar-se, fica-se cego de tudo, surdo, mudo, imóvel. Apenas sentir. Apenas sentir importa. Mas não há muito para ser sentido, a culpa é sempre maior de tudo, a culpa invade tudo e o tudo precisa invadir a culpa. E, se há culpa, a dor jamais será suficiente. Quando se aprende a sentir - sentir de verdade - nada jamais será a mesma coisa.

OBS: crítica/sinopse do filme japonês, Cega Obsessão.

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