sexta-feira, 8 de maio de 2009

Menina Má

Menina má. Muito, muito má. E meninas más devem pagar. Meninas más devem ser castigadas. Devem pagar com sangue, dor, sacrifício.
Sou uma menina má. Má, má, má. Devo dar tudo de mim; obediência e sacrifício.
Mais do que carnal, devo dar minha paz e clareza. E toda, toda a sanidade que ainda restar.
Um por um, vão me tirar tudo que é importante. Um por um, devo queimar até estar completamente vazia.
E mesmo vazia, a ordem é sobrevivência. Mesmo sem sangue, mesmo sem ossos, devo prosseguir. Um rosto vazio, um corpo vazio. Mente vazia e, Oh, meu Deus! Estão arrancando meu coração.
O que fazemos é trazer sofrimento e o que devemos fazer é sofrer ainda mais. Tudo que vai, volta. Tudo que sobe, desce.
Matar, matar, morrer. Morrer é a tarefa diária. Matar, um passatempo.
Com olhos furados, não há nada para ver. Enterrada, não há nada a dizer. Presa, o que se pode fazer?
Obsessão, compulsão. Maníaca, escrava. Escrava particular. Escrava que não sente, não vê, não fala, não toca. Robótica boneca de pano. De pano, em pedaços.
Partida, cortada; moída. Estilhaços.
E quem compreende alguém sem alma?
Quem poderia compreender uma menina má?
Uma menina má. Ordem final: morrer, matar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário